Quem nunca? Muitos ainda, e outros sempre…
Do que estou falando? Daquele crepúsculo sem fim que se instala em nossa alma, onde parece que nada irá dar jeito ou trazer alívio. A esperança se esvai, deixando em seu lugar esboços de amortecimento perante à vida, pessoas e situações.
Mas quero trazer o meu olhar sobre este presente. Sim, um presente. O momentum culminante do nosso processo de metamorfose. Aquele onde o desespero é tamanho, que somos levados à conclusões definitivas sobre nosso proveito desta encarnação, onde tomamos ações necessárias em nosso beneficio (na maioria das vezes), muitas vezes apenas para sair do torpor ou do sofrimento.
Em todos os casos enxergo benefícios, pois a regra primordial do Universo é o movimento. Tudo está em movimento, transição, mudança, refazimento. Se não está, o próprio Universo dá um jeito de fazer com que esteja, e logo envia seus cavaleiros do apocalipse para nos cutucar- com muito carinho, fazendo com que se cumpra assim sua Lei Magna.
Ao adentrarmos os portais negros da nossa alma (todos os temos), estamos honrando o que aqui viemos fazer: vivenciar a dualidade, em todas as suas nuances. Reconhecer e confrontar a própria dualidade da Fonte dentro de nós mesmos não é tarefa fácil, requer muita força para revirar nossas sombras, entendê-las e aceitá-las; afinal, vivemos de nossa imagem no espelho (seja ele qual/ quem for).
Mas a maior de todas as transformações se dá quando fazemos isso: nos enxergarmos sem qualquer filtro. Ao confrontarmos nossos fantasmas (que se escondem da Luz), estamos aceitando nossa inteireza, nossa completude. Somente desta forma poderemos passar para o próximo nível, nunca antes de equalizar estes dois polos.
Perceba bem o que mencionei- EQUALIZAR, não negar nem fingir que não está ali. O confronto é necessário, agora ou daqui milhões de anos, a escolha é sempre nossa. Disso não escaparemos, pois faz parte da pós graduação no Projeto Terra, uma especie de pedagio que precisamos pagar, ou uma prova que devemos mostrar ao professor para garantir que aprendemos de verdade a lição ensinada.
Encarar anjos e diabos para entender que somos os dois. Aceitar e absorver tanto a Luz quanto as trevas, e equalizar as duas polaridades. Absorver o conceito de masculino e feminino, para entender que não precisamos nos definir por isto, já que somos os dois simultaneamente, entender a sombra para manifestar melhor a Luz,e assim ir mais longe. Enxergar através de um novo prisma proporcionado pela sombra, que veremos em algum momento não ser assim tão escura.
Muitos trazem arraigadas as crenças de certo e errado. Isso por si só é a dualidade se manifestando em nós, crenças de julgamento no mesmo lugar que as crenças de pseudo-santidade.
Quanto antes entendermos que somos tudo, antes aceitaremos passar pelo processo sem dor nem sofrimento, e antes o crepúsculo dará lugar ao amanhecer da alma. Abrir mão do ego de querer direcionar é deixar tudo aquilo que não somos para reencontrar o que somos, e isso é a maior jornada de nossa vida.
Há que se ter coragem para acessar estas noites escuras, mas para sair dela é necessário algo ainda mais corajoso: resiliência.
Resiliência para, ao se deparar com as sombras mais escuras, entender que precisamos delas para enxergar e dimensionar a Luz.
Lembro-me da famosa frase de Shakespeare: “Não há noite tão longa que não encontre o dia”.
Assim devemos encarar este mergulho necessário aos nossos mares mais profundos, onde não há luz alguma que possa iluminar. Entender que também são partes que nos compõe, gerando o contraponto necessário para que possamos perceber nossa grandeza, e assim acessar novamente nosso poder- que reside na aceitação de que cada única parte somada sozinha forma o todo maior e completo que somos.
Se está passando por uma jornada aos seus labirintos internos, te parabenizo pela coragem. Te desejo força e resiliência no caminho, mas acima de tudo, desejo que tenha sabedoria no olhar para entender o tamanho do presente recebido…





